Dentro do nosso organismo a água se dedica a várias atividades importantes. Mas será que bebemos água o suficiente para abastecer o nosso corpo? 60% do corpo humano de um adulto é formado de água, um recém nascido chega a ter quase 80% do seu organismo formado por líquidos. Nas pessoas idosas esse número cai para 50%, isso porque conforme envelhecemos vamos nos “desidratando” aos poucos.
Frequentemente ouvimos as pessoas dizerem que cuidam de sua saúde ingerindo vários litros de líquidos ao dia. Trata-se de um equívoco que denominamos de lenda urbana moderna.
O organismo tem mecanismos muito sensíveis para controlar a quantidade de líquidos que a pessoa deve ingerir por dia e a ingestão exagerada não faz bem à saúde, exceto para as pessoas formadoras de “pedras nos rins”, para as quais beber de dois a três litros de água por dia faz parte fundamental do tratamento.
O cérebro controla uma quantidade de receptores distribuídos por todo o organismo que medem a quantidade necessária de água que deve ser ingerida. Isto ocorre porque os líquidos do corpo têm uma determinada concentração de substâncias e o excesso de água pode diluí-los e “inchar” as células, fazendo mal a elas. A falta de água, do mesmo modo, também é prejudicial às nossas células.
Quando, ao se submeter a um exame, o laboratório solicita que o paciente tome vários copos de água rapidamente, os dois primeiros são passíveis de serem tomados. Ao ingerir o terceiro ou quarto copo, já começa ocorrer uma certa náusea e até uma vontade de vomitar que impede a pessoa de beber mais. Isto acontece porque o organismo mede que aquela ingestão exagerada de água poderá diluir os líquidos e fazer mal às células.
Quando se está com sede, ingere-se exatamente a quantidade de água necessária. Este treinamento, que ocorre ao longo da vida, faz com que baste um olhar para a quantidade de líquido num copo para medir o volume necessário a ser ingerida. Frequentemente não se enche um copo de água quando se tem pouca sede.
Mesmo ao se ingerir água quando se está com sede, a ingestão é interrompida antes que ela atinja o estômago ou seja absorvida pelo sangue. Isto ocorre porque os receptores que estão distribuídos na boca são capazes de detectar que aquele fluxo de água que ali está passando será suficiente para repor o que o organismo necessita. Os bebês que estão no período de amamentação, por exemplo, raramente necessitam de água, pois o leite materno tem a quantidade de líquido suficiente para hidratá-los.
Outra comprovação disso é que a ingestão de um ou dois copos de água quando não se está com sede leva à necessidade de urinar logo depois. Isso porque os rins eliminam o excesso de água no organismo para manter o equilíbrio da concentração dos líquidos.
Durante o sono, em geral, a pessoa passa a noite toda sem acordar para urinar. Isto ocorre porque o cérebro sabe que nesse período não vai haver ingestão de água. Existe a liberação de um hormônio denominado anti-diurético que pede ao rim que poupe água durante a noite. Por isso a urina produzida à noite é muito concentrada, impedindo o enchimento da bexiga e, portanto, não atingindo o desejo de urinar, o que faria a pessoa acordar. Por esse motivo os laboratórios solicitam para exames a primeira urina da manhã, uma vez que ela é mais concentrada e mais fácil de encontrar eventuais defeitos.
A ingestão de água também é proporcional à quantidade de sal que a pessoa ingere. Este é mais um exemplo que o organismo tenta manter constante a concentração dos seus líquidos. Se a comida consumida for salgada, há necessidade de ingerir água suficiente para diluir aquele sal. Algumas horas depois, os rins eliminam tanto o sal quanto o líquido ingerido. Por outro lado, uma pessoa que ingere mínimas quantidades de sal raramente tem sede.
Todos esses exemplos servem para mostrar que o organismo sabe informar a quantidade exata de água necessária e que não há razão para tomar água sem sede.
Existem distúrbios deste equilíbrio, como o Diabetes Insípidus, onde a falta parcial ou total do hormônio anti-diurético promove uma urina bem diluída e existe a necessidade de repor a água perdida na urina ingerindo-se bastante água. Um acontecimento também frequente é o caso de diabéticos mal controlados que têm uma glicemia muito elevada, causando bastante sede.
Assim, quando ouvir alguém dizendo que ingere propositalmente grandes quantidades de água mesmo sem sede para manter a saúde, informe-o que está equivocado.
Fonte: Uol – O que eu tenho?
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