Manter hábitos saudáveis de alimentação pode ser mais caro do que gastar com refeições mais “pesadas”, mas, de acordo com a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), vale a pena. Para a entidade, gastos com tratamentos de doenças ou problemas de saúde relacionados à alimentação inadequada são mais onerosos aos bolsos do brasileiro do que aceitar pagar um pouco mais para garantir mais qualidade de vida no dia a dia.
“Principalmente para quem costuma fazer a maior parte das refeições fora de casa, os custos de opções mais saudáveis são realmente mais elevados”, aponta o Dr. Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da ABRAN. “Mas isso não significa que a pessoa vai gastar mais se considerar as complicações de longo prazo, que certamente serão mais onerosas. É a famosa economia falsa”, explica. Pessoas acima do peso chegam a ter até oito vezes mais chances de desenvolver diabetes ou hipertensão – doenças que exigem tratamento permanente e financeiramente custoso. “Os gastos apenas com monitoramente do diabetes, por exemplo, mostram como o descuido com a alimentação pode dar, inclusive, prejuízo”, pondera o Dr. Ribas.
A recomendação médica para fracionar as refeições em até seis vezes durante o dia, reduzindo a quantidade ingerida de cada vez, pode ser fator desestimulante para muitas pessoas, por aumentar os gastos com alimentação. De fato, frutas e carnes muitas vezes têm preços mais altos do que grãos, massas e alternativas mais gordurosas encontradas nos restaurantes dos centros urbanos. “Mas quem tem interesse em manter um padrão de vida saudável sempre encontra boas opções por perto”, acredita o presidente da ABRAN.
Médico nutrólogo comparou preços entre prato tradicional e ideal
Um estudo conduzido pelo Dr. Carlos Alberto Nogueira de Almeida, médico nutrólogo e diretor da ABRAN, que envolveu também profissionais de Direito e Nutrição em 2009, comparou os custos de uma alimentação seguindo as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, com os custos da alimentação habitualmente praticada no Brasil. Considerando os preços médios dos alimentos em 2009, uma refeição de acordo com as recomendações custaria R$ 6,10, ou R$ 1,60 a mais do que o preço médio da refeição habitual do brasileiro.
“A refeição-padrão do brasileiro apresenta menos frutas, legumes e laticínios e mais feijões, óleos e açúcares do que recomenda mo Ministério da Saúde”, adverte o Dr. Nogueira. Na avaliação dos médicos nutrólogos, essa distribuição desequilibrada de nutrientes importantes tende a levar a aumento de peso e deficiência nutrológica do organismo. “Dietas inadequadas são as principais causas de problemas de saúde atualmente”, ressalta o Dr. Ribas. “Por isso, pagar um pouco mais para manter alimentação balanceada é um investimento na própria saúde”, conclui.
“É necessário que o poder público estimule a redução dos preços de alimentos mais saudáveis mas, enquanto isso, cada indivíduo interessado em manter boa qualidade de vida deve estar disposto a gastar um pouco mais para comer melhor”, completa o Dr. Nogueira.
Fonte: Sentir Bem
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