Alerta aos Médicos brasileiros sobre prescrição da sibutramina
A Agência Europeia de Medicamentos proibiu esta semana a venda da sibutramina, atualmente a droga para emagrecer mais usada no Brasil e nos Estados Unidos, de acordo com informações do British Medical Journal (BMJ). Segundo a agência europeia, os riscos da sibutramina superam seus benefícios. Devido a esta notícia a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão responsável por regular os medicamentos no Brasil, está alertando os profissionais de saúde do país sobre o uso da sibutramina, uma das substâncias para emagrecer mais usadas no Brasil e que foi proibida na Europa.
Infelizmente o Brasil é o país que mais consome remédios para emagrecer no mundo segundo o relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), órgão das Nações Unidas. Este infeliz título se deve as facilidades na compra. O medicamento tem venda controlada no Brasil, com retenção de receita, mas a compra pode ser feita pela internet sem uma prescrição médica, isso colabora para colocar o País no topo do ranking mundial do consumo de medicamentos emagrecimento. Em nosso país, substâncias derivadas de anfetamina, proibidas em vários locais, ainda são receitadas em fórmulas de manipulação de remédios para emagrecer.
A Anvisa recomenda a contraindicação para pacientes com os seguintes perfis:
- Que apresentem obesidade associada à existência, ou antecedentes pessoais, de doenças cardio e cerebrovasculares;
- Que apresentem diabetes mellitus tipo 2, com sobrepeso ou obesidade e associada a mais um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Isso se deve aos resultados de um estudo com mais de 10 mil pessoas. A pesquisa, chamada Scout, mostrou que as chances de eventos cardiovasculares aumentam 16% com a utilização da sibutramina.
O alerta brasileiro segue a posição norte-americana sobre a utilização do medicamento. Nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration) também ampliou sua contraindicação, estendendo-a igualmente a pessoas com histórico de problemas cardiovasculares (entre eles, a hipertensão). A agência, por meio da Cateme (Câmara Técnica de Medicamentos), vai investigar os níveis de segurança do medicamento em pacientes com outros perfis. A partir dessa avaliação, poderá tomar outras medidas em relação à substância no Brasil.
Usuários exageram na dose
A sibutramina é facilmente adquirida sem receita com receptores de contrabando ou diretamente no Paraguai. “Pessoas que não precisam dela acabam usando-a em doses muito maiores do que os pacientes que têm receita”, lamenta o endocrinologista Henrique Suplicy. Os efeitos colaterais incluem insônia e dor de cabeça. “Se a pessoa tiver uma doença cardiovascular não diagnosticada, ainda corre risco de enfarte e derrame”, adverte o cardiologista Eduardo Saad. “Não existe milagre. A sibutramina é um facilitador para a dieta e a mudança de hábitos no longo prazo”, explica Suplicy.
“Muitos médicos receitam sibutramina de forma indiscriminada”, critica o cardiologista Eduardo Saad. Ele considera o resultado do Scout previsível, uma vez que a sibutramina favorece o emagrecimento ao desacelerar a degradação de substâncias que atuam junto aos centros da fome e da saciedade do cérebro, mas que em altas concentrações são prejudiciais ao coração. “A droga não é para ajudar o jovem saudável a perder dois quilinhos, mas para combater a obesidade, que apresenta riscos à saúde, como as doenças cardiovasculares. Só que pessoas nessas condições não podem tomá-la”, diz.
Você realmente precisa?
Noradrenalina, esse é o nome da “mágica”. Um hormônio que age no centro da fome, lá no cérebro, controlando o apetite. E as anfetaminas cuidam dessa tarefa, aumentando a quantidade desse hormônio no seu corpo. Anfepramona, fenproporex e manzidol compõem a família dessa substância química, que ganhou fama por combater a obesidade controlando a gula. O problema é que junto com um apetite magrinho vem uma lista extensa de reações desagradáveis – boca seca, alterações de humor, dor de cabeça, insônia, taquicardia, euforia, falta de ar, hipertensão, irritação, dependência (quanto mais você toma, mais precisa), prisão de ventre, depressão, crises de ansiedade e pânico. Pois é, nada inofensivas, as anfetaminas só deveriam ser indicadas para pacientes com índice de massa corpórea (IMC) maior de 30 ou aqueles com IMC entre 26 e 30 com histórico de colesterol alto, pressão alta ou diabetes. Uma garota que mede 1,65 metro e pesa 70 quilos – gordinha para entrar numa calça tamanho 40 – tem IMC igual a 26. “O remédio é importante para casos em que a saúde pode ficar comprometida por conta do excesso de peso”, ressalta Claudia Cozer, endocrinologista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), em São Paulo. Pense bem se vale a pena se seu problema não passa de 10 quilos.
Fonte: Boa Forma, Gazeta do povo, A Folha
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